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Conteúdo atualizado em 13.03.2024


USP cria gel com baixa concentração de flúor

Marianne Ramalho, Assessoria de Comunicação da PUSP-B
21/09/2012

USP cria gel com baixa concentração de flúor

Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) recebeu o “Prêmio Colgate de Pesquisa em Prevenção” durante o 90º Congresso da Associação Internacional de Pesquisa Odontológica (IADR), realizado em junho, em Foz do Iguaçu (PR).

A pesquisa denominada “Efeito do  pH e da concentração de flúor presente em dentifrícios líquidos no controle de cárie em área fluoretada: estudo clínico randomizado” foi desenvolvida por Cristiane de Almeida Baldini Cardoso, doutoranda em Biologia Oral no Programa de Pós-Graduação da FOB/USP, com orientação da professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf.

O prêmio selecionou os melhores trabalhos científicos em prevenção, apresentados por pesquisadores procedentes da América do Norte, América Latina, Europa, África, Oriente Médio e Ásia.

                                        A pesquisa

Segundo Cristiane Cardoso existem poucos estudos que avaliam o efeito anticárie de dentifrícios com baixa concentração de flúor (F). Em vista disso, com o objetivo de manter a eficácia anticárie do dentifrício de baixa concentração de flúor, o grupo de pesquisa de flúor da FOB/USP desenvolveu uma formulação dentifrícia líquida de baixa concentração de flúor (550 ppmF) e  pH ácido (4,5) para combinar as estratégias de redução da ingestão de flúor através do dentifrício.

A vantagem deste trabalho é que ficou comprovado que um dentifríficio de baixa concentração de flúor pode ser tão eficaz contra a cárie quanto um dentifrício convencional que contém 1.100 ppmF de flúor.

A consistência líquida permite a aplicação de uma gota do dentifrício, reduzindo a sua quantidade na escova dental, e o  pH ácido permite uma maior incorporação do flúor do dentifrício na placa bacteriana, favorecendo seu efeito anticárie.

“A vantagem é que este dentifrício pode ser deglutido pelas crianças numa quantidade maior do que o convencional, sem o risco de causar a fluorose dentária. Ele é tão eficaz contra a cárie quanto o dentifrício convencional, e ao mesmo tempo é mais seguro para evitar a fluorose”, acrescenta a pesquisadora.

A fluorose dentária, que só acontece em criança, se manifesta como um defeito de desenvolvimento do dente, quando se tem uma ingestão excessiva de fluoreto no momento em que o dente está sendo formado, no caso da dentição permanente é de 1 ano até 7 anos de idade.

Este defeito é caracterizado nos casos mais suaves por manchas esbranquiçadas opacas, e nos casos mais severos por manchas amarronzadas e até mesmo com perda de substância do esmalte, porque ele fica muito quebradiço e pode fraturar.

              Pesquisa analisa crianças de Bauru e João Pessoa
 
A pesquisa foi realizada com 315 crianças de 2 a 4 anos de idade, procedentes de 5 escolas das diversas regiões da periferia de Bauru, que tem água fluoretada, durante o ano de 2010. As crianças tinham apenas a dentição decídua (dente de leite) e utilizaram o dentifrício no período de um ano.

Da mesma forma, numa parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFP) a aluna de doutorado Dayane Mangueira analisou 215 crianças da cidade de João Pessoa, que não tem água fluoretada. O resultado apontou uma progressão menor de cárie em Bauru e uma progressão mais alta em João Pessoa.

A análise da progressão ou regressão das lesões de cárie foi feita clinicamente e utilizando o método da fluorescência quantitativa (QLF), que permite a detecção precoce, quantificação e monitoramento de lesões no estágio inicial da cárie. 

Este fator é uma vantagem em comparação aos dados qualitativos e subjetivos obtidos pelo exame visual convencional, porque com o aparelho foi possível detectar que o dentifrício de baixa concentração de flúor (550 ppm F) e pH ácido (4,5) é tão eficaz na prevenção do aparecimento de novas lesões e regressão de lesões cariosas pré-existentes, quanto o dentifrício convencional (1100 ppm F e pH 7,0).

Além disso, estes dois dentifrícios tiveram uma performance melhor do que o dentifrício de baixa concentração de flúor (550 ppm F) e pH neutro (7.0).

                       O produto: gel dental escovinha

O dentifrício utilizado na pesquisa denomina-se “gel dental escovinha” e foi desenvolvido na FOB, durante a tese de doutoramento do aluno Fabiano Vieira Vilhena, sob orientação da professora doutora Marília Afonso Rabelo Buzalaf.

O produto foi patenteado através da Agência USP de Inovação e foi o vencedor da I Olimpíada USP de Inovação, superando mais de 600 tecnologias de todas as áreas do conhecimento.

Hoje, o Dr. Fabiano Vieira Vilhena é proprietário da empresa Oralls Saúde Bucal Coletiva, localizada em São José dos Campos (SP), que adquiriu da USP a licença para comercializar o produto.

O gel dental já foi distribuído em diversas Prefeituras Municipais do Brasil e dentro de pouco tempo deverá ser colocado à venda ao consumidor em duas embalagens: 100 gramas ao preço de R$ 2,90 a R$ 3,00 reais e 50 gramas ao preço de R$ 2,00 reais.

A compra poderá ser feita diretamente na empresa Oralls. O produto já foi utilizado por 10 mil pessoas, entre crianças e seus familiares e resultou em 5 estudos clínicos de pesquisa.


Foto: Elizabeth Dianne Rekow, presidente da IADR; a pesquisadora premiada Cristiane de Almeida Baldini Cardoso e Bernal Stewart, representante da Colgate-Palmolive Company

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