Conteúdo atualizado em 22.04.2024
Na primeira edição do Prêmio Pio Corrêa de Inovação em Ciências Farmacêuticas da Biodiversidade Brasileira, o pós-graduando da FOB-USP, Cleuber Rodrigo de Souza Bueno, é agraciado com Menção Honrosa na Categoria Revelação. O pesquisador é atualmente doutorando do Programa de Ciências Odontológicas Aplicadas, área de concentração em Biologia Oral, Estomatologia, Radiologia e Imaginologia, sob orientação do professor Rogério Leone Buchaim, do Departamento de Ciências Biológicas.
Outorgada pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de Farmácia, a premiação refere-se à pesquisa “O novo selante de fibrina heterólogo em combinação com terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) no reparo do ramo bucal do nervo facial”.
O estudo, publicado no periódico Lasers in Medical Science, é resultado da tese de Doutorado da professora Daniela Vieira Buchaim, pós-doutora pela FOB-USP, que utiliza o selante de fibrina, produzido pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP-Unesp Botucatu) para o reparo de lesões de nervos da face.
Ineditismo
O professor Rogério Leone Buchaim informa que estão sendo realizados testes com este selante de fibrina biológico, purificado a partir do veneno de serpente, a cobra cascavel, e que contém fibrinogênio vindo de sangue de búfalo. “A técnica cirúrgica é bem mais prática, com custos mais baixos. É o selante de fibrina único no mundo sem sangue humano e com propriedades hemostáticas, adesivas, selantes e de suporte celular. A sua produção é feita pelo CEVAP e somos pesquisadores parceiros”.
Rogério acrescenta que o selante, sem componentes humanos, previne a transmissão de doenças infecciosas, além de ser um bioproduto produzido com substâncias de fácil acesso e de baixo custo. “Atualmente, o grupo de pesquisadores ligados ao CEVAP tem testado diversas formas de utilização do bioproduto como, por exemplo, associado às células-tronco ou, como fazemos aqui na FOB, testes pré-clínicos para enxertos de osso para implantes em Odontologia ou reparo de lesões em Ortopedia”.
Os animais utilizados na pesquisa são o búfalo asiático (Bubalus bubalis), a cobra cascavel (Crotalus durissus terrificus) e ratos (Wistar Hannover).
O estudo
A pesquisadora responsável pelo projeto “O novo selante de fibrina heterólogo em combinação com terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) no reparo do ramo bucal do nervo facial” é a professora Daniela Vieira Buchaim, como trabalho resultante de sua tese de Doutorado na FOB-USP, sob orientação do professor Jesus Carlos Andreo. O pós-graduando Cleuber participou nas cirurgias experimentais, assim como na obtenção e interpretação dos resultados da pesquisa. Todos os demais são coautores. “Os professores Rui Seabra Ferrreira Júnior e Benedito Barraviera, do CEVAP–Unesp Botucatu, são os responsáveis pela produção do selante de fibrina e doaram gentilmente para a pesquisa”, registra Rogério.
Para se chegar aos resultados, foi provocada, em animais de laboratório (ratos), uma lesão do nervo facial, responsável pela inervação dos músculos da expressão da face. Essa lesão pode ocorrer nos humanos em acidentes automobilísticos, quedas, traumas e diversas situações. O padrão para se unir os fragmentos do nervo lesionado ocorre por meio de uma cirurgia com utilização de suturas (pontos) com auxílio de microscópio.
O professor da FOB-USP revela que a etapa clínica junto à Anvisa está aguardando a fase III, onde serão desenvolvidos estudos para reparação de úlceras venosas em humanos em diversos centros de pesquisa. Como parte dos desdobramentos do estudo, o pós-graduando Cleuber Rodrigo de Souza Bueno trabalha, atualmente, com lesões do nervo facial em ratos e reparo da lesão com o selante de fibrina heterólogo, “mas testando um novo protocolo de laserterapia e também o reparo das lesões não somente de forma imediata, mas também de forma tardia. Assim, é possível simular pacientes politraumatizados que não têm condições de sofrer cirurgias imediatamente após acidentes”, explica seu orientador.
A premiação
A Categoria Revelação do Prêmio Pio Corrêa de Inovação em Ciências Farmacêuticas da Biodiversidade Brasileira é reservada a concorrentes com limite de idade de 30 anos, completados até 31/12/2021. Os critérios de inscrição são os mesmos da Categoria Master, onde concorrem profissionais individuais ou equipes, vinculados a empresas, instituições de ensino e/ou pesquisa, associações, organizações governamentais ou não governamentais, no Brasil, que se dedicam a projetos inovadores nas diferentes áreas do conhecimento das Ciências Farmacêuticas relacionadas à biodiversidade brasileira, cuja pesquisa e desenvolvimento tenham sido realizados no Brasil, podendo incluir parcerias internacionais.
A cerimônia de premiação e a divulgação dos ganhadores pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de Farmácia aconteceram no dia 02 de dezembro. Foram mais de 160 trabalhos inscritos sendo que a Menção Honrosa foi destinada às 5 melhores pesquisas classificadas.
Leia, aqui, o artigo original publicado na revista científica Lasers in Medical Science: “The new heterologous fibrin sealant in combination with low-level laser therapy (LLLT) in the repair of the buccal branch of the facial nerve”
Por Luís Victorelli (MTb. 21.656)
Arte: Kazuo Kato
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